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Showing posts from 2010

O valioso tempo dos maduros

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O valioso tempo dos maduros Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
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Viva intensamente cada momento como se fosse único... torne seu viver mágico torne seu fazer prazeroso transforme tudo que esta em sua volta em realização. A perfeição é obra de nosso senhor; Mas começa exatamente por ti... Brilhe, sim brilhe não espere que a luz de outros te clareiem. Não aceite o pouco, quando pode Tudo!!! Seja ... Transforme... Brilhe... Seja feliz....
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O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Velho tema - Vicente de Carvalho

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Só a leve esperança, em toda a vida, Disfarça a pena de viver, mais nada; Nem é mais a existência, resumida, Que uma grande esperança malograda. O eterno sonho da alma desterrada Sonho que a traz ansiosa e embevecida, É uma hora feliz, sempre adiada E que não chega nunca em toda a vida. Essa felicidade que supomos, Árvore milagrosa que sonhamos Toda arreada de dourados pomos, Existe, sim: mas nós não a alcançamos Porque está sempre apenas onde a pomos E nunca a pomos onde nós estamos.

Carta para não ser enviada

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(Carta do espaço sideral para não ser enviada a Angie)  - 31 de janeiro 2009 (Caio Fernando Abreu) “Vem, que eu quero te mostrar o papel cheio de rosas nas paredes do meu novo quarto, no último andar, de onde se pode ver pela pequena janela a torre de uma igreja. Quero te conduzir pela mão pelas escadas dos quatro andares com uma vela roxa iluminando o caminho para te mostrar as plumas roubadas no vaso de cerâmica, até abrir a janela para que entre o vento frio e sempre um pouco sujo desta cidade. Vem, para subirmos no telhado e, lá do alto, nosso olhar consiga ultrapassar a torre da igreja para encontrar os horizontes que nunca se vêem, nesta cidade onde estamos presos e livres, soltos e amarrados. Quero controlar nervoso o relógio, mil vezes por minuto, antes de ouvir o ranger dos teus sapatos amarelos sobre a madeira dos degraus e então levantar brusco para abrir a porta, construindo no rosto um ar natural e vagamente ocupado, como se tivesse sido interrompido em meio a qual

Sonetos Florbela Espanca

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Inconstância Procurei o amor, que me mentiu. Pedi à Vida mais do que ela dava; Eterna sonhadora edificava Meu castelo de luz que me caiu! Tanto clarão nas trevas refulugiu, E tanto beijo a boca me queimava! E era o sol que os longes deslumvrava Igual a tanto sol que me fugiu! Passei a vida a amar e a esquecer... Atrás do sol dum dia outro a aquecer As brumas dos atalhos por onde ando... E este amor que assim me vai fugindo É igual a outro amor que vai surgindo. Que há-de partir também... nem eu sei quando... Florbela Espanca Os versos que te fiz Deixa dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer! São talhados em mármore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer. Têm dolência de veludos caros, São como sedas pálidas a arder... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer! Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz! Amo-te t

O que as mulheres querem?

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Mulheres, o que realmente querem? O jovem Rei Arthur foi surpreendido pelo monarca do reino vizinho enquanto caçava furtivamente em um bosque. O Rei poderia tê-lo matado no ato, pois tal era o castigo para quem violasse as leis da propriedade, contudo se comoveu ante a juventude e a simpatia de Arthur e lhe ofereceu a liberdade, desde que no prazo de um ano trouxesse a resposta a uma pergunta difícil. A pergunta era: O que realmente as mulheres querem? Semelhante pergunta deixaria perplexo até ao homem mais sábio, e ao jovem Arthur lhe pareceu impossível de respondê-la. Contudo aquilo era melhor do que a morte, de modo que regressou a seu reino e começou a interrogar as pessoas. À princesa, à rainha, às prostitutas, aos monges, aos sábios, ao palhaço da corte... em suma, a todos! E ninguém soube dar uma resposta convincente. Porém todos o aconselharam a consultar a velha bruxa, porque somente ela saberia a resposta. O preço seria alto, já que a velha bruxa era famosa em todo

Relendo Clarice

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Estou relendo Perto do coração selvagem, e, além das frases na abertura deste blog,  trago mais algumas: "Estou cansada, agora agudamente! Vamos chorar juntos, baixinho. Por ter sofrido e continuar tão docemente. A dor cansada numa lágrima simplificada". "... como ligar-se a um homem senão permitindo que ele a aprisione? Como impedir que ele desenvolva sobre seu corpo e sua alma suas quatro paredes? E havia um meio de ter as coisas sem que as coisas a possuissem?"

Nothing can keep me from you

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Nothing can keep me from you - Kiss Wherever you are, that's where i'm gonna be No matter how far, you'll never be that far from me Some how i would find you, move heaven and earth to be by yourside Oh i'd walk, this world to walk, beside you No mountain could ever stand between us No ocean could ever be that wide No river too deep to keep your love from me I swear it's the truth Nothing can keep me from you There's no race that i would not go to No distance would ever be too far To keep me away i'd always find a way To show you it's true Nothing can keep me from you Nothing can keep me from you I gave you my word; i would be there for you And you can be sure there's no mountain that I would not move Just to lie beside you spend my whole life Lookin in your eyes Yeah i swear, i'm there for you, forever No mountain could ever stand between us No ocean could ever be that wide No river too deep to keep your love from me

O temporal

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O temporal   Nos dias felizes da infância, observar os desenhos que se autoconstruíam no céu, conforme o deslocamento das nuvens, era uma alegria ímpar. Nada era mais agradável do que passar longos minutos dizendo: “Veja, um cachorro”.... “uma galinha...” “...um navio...” uma surpresa, uma descoberta a cada sopro do vento Via carneirinhos, borboletas, girafas, elefantes, bichos que nunca havia visto de verdade, apenas nos livros da escola. Animais agigantados, gordos, que se formavam e deformavam, inofensivos, frágeis como nossa própria existência... que desapareciam enquanto outras formas ocupavam seus lugares. Os objetos, os monstros, a floresta, tudo o que era formado por esse material efêmero, maravilhavam-me de tal forma que era constante a minha busca sempre  e mais por essa grande ilusão real ao alcance de meus olhos e de minha mente,  criança que era,  sem opções, recursos, tendo ao meu redor todo o universo, toda a natureza, todos os sons e cores e encantamentos. Eram 4 da

Amor, Estranho Amor

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Amor, Estranho Amor Ela chegou cabisbaixa trazendo um buquê. Jamais gostei de flores, mas com o tempo acabei me acostumando. O tempo faz com que nos acostumemos a tudo. Permaneceu alguns instantes de pé, ainda cabisbaixa e imersa em um silêncio que, de tão denso, deixava transparecer, por entre sua cortina negra, um certo receio, um temor canhestro, talvez culpado, culpado por algo que o perfume das flores tentava em vão dissimular. Por fim sentou-se, suspirou e ergueu a face: tinha os olhos transbordados em lágrimas que, pouco a pouco, foram transfigurando o seu rosto com caminhos parecidos com rios, rios negros deslizando por um leito árido, difuso, tortuoso. Seus lábios sedentos aguardavam aquela inundação que nunca vinha, que não matava a sede daquela boca que calava tempos, sóis, sentimentos, palavras sepultadas vivas em um terreno infértil. Nada nascia, nenhum sussurro, apenas silêncio. Retirou o lenço do casaco e enxugou os olhos. Olhou-me daquela vez tão ternamente,
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"O sinal da auto-soberania é a experiência de ser elevado e de ter todos os direitos. Para pessoas assim nenhuma tempestade de falta de paz, seja grande ou pequena, surgirá. As situações se tornarão um presente para elevar o estágio delas. A riqueza da auto-soberania é o conhecimento, as virtudes e os poderes. Onde quer que haja preenchimento haverá contentamento. Não haverá sequer um traço de falta de aquisição. Ser ignorante de desejos limitados é ser rico."

Dialética

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Dialética É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E tenho tudo para ser feliz Mas acontece que eu sou triste... Vinícius de Moraes

Clarice Lispector

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"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso." Clarice Lispector

Jeito de mato

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Jeito de mato - Paula Fernandes De onde é que vem esses olhos tão tristes? Vêm da campina onde o sol se deita Do regalo de terra que o teu dorso ajeita E dorme serena no sereno e sonha De onde é que salta essa voz tão risonha? Da chuva que teima, mas o céu rejeita Do mato, do medo, da perda tristonha Mas que o sol resgata, arde e deleita Há uma estrada de pedra que passa na fazenda É teu destino, é tua senda, onde nascem tuas canções As tempestades do tempo que marcam tua história Fogo que queima na memória e acende os corações Sim, dos teus pés na terra nascem flores A tua voz macia aplaca as dores E espalha cores vivas pelo ar Sim, dos teus olhos saem cachoeiras Sete lagoas, mel e brincadeiras Espumas, ondas, águas do teu mar De onde é que vem esses olhos tão tristes? Vêm da campina onde o sol se deita De onde é que salta essa voz tão risonha? Dorme serena no sereno e sonha Dorme serena e sonha...

Minha força

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                    Tempestade de neve no mar, William Turner, 1842 Minha força está na solidão. Não tenho medo nem das chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. C.L.

Fernando Pessoa

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"O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto." Fernando Pessoa
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Reinventaria tudo de novo... criaria um mundo que me fizesse pleno de mim a derramaria à calmaria uns pinguinhos de raios, relâmpagos e trovoadas,,, morreria se ñ pudesse em mim, buscar essas possibilidades! E se vc nunca percebeu, UM MAR REVOLTO é mil vezes mais frutífero do que uma calmaria sem gosto de nada... Naquele, há a esperança/certeza de mudanças verdadeiras e reais... Neste, tudo é tão só florzinhas...que dá um cansaço... Procuro o autor

Shakespeare

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De almas sinceras a união sincera Nada há que impeça. Amor não é amor Se quando encontra obstáculos se altera Ou se vacila ao mínimo temor. Amor é um marco eterno, dominante, Que encara a tempestade com bravura; È astro que norteia a vela errante Cujo valor se ignora, lá na altura. Amor não teme o tempo, muito embora Seu alfanje não poupe a mocidade; Amor não se transforma de hora em hora, Antes se afirma, para a eternidade. Se isto é falso, e que é falso alguém provou, Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou. (Soneto 96) Shakespeare
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“Dizem que para o amor chegar não há dia Não há hora E nem momento marcado para acontecer. Ele vem de repente e se instala No mais sensível dos nossos órgãos... o coração. Começo a acreditar que sim. Mas percebo também que pelo fato deste momento Não ser determinado pelas pessoas Quando chega, quase sempre os sintomas são arrebatadores Vira tudo às avessas e a bagunça feliz se faz instalada. Quando duas almas se encontram o que realça primeiro Não é a aparência física, mas a semelhança das almas. Elas se compreendem e sentem falta uma da outra Se entristecem por não terem se encontrado antes Afinal tudo poderia ser tão diferente. No entanto sabem que o caminho é este E que não haverá retorno para as suas pretensões. É como se elas falassem além das palavras Entendessem a tristeza do outro, a alegria e o desejo Mesmo estando em lugares diferentes. Quando almas afins se entrelaçam Passam a sentir saudade uma da outra Em um processo contínuo de reaproximação Até a

Tudo no mundo

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"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida.  Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o que, mas sei que o universo jamais começou. Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho." (C.L.)

Fique de vez em quando só

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Fique de vez em quando só, senão será submergido. Até o amor excessivo pode submergir uma pessoa. Clarice Lispector
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"Ide pois aos vossos campos e pomares, E lá aprendereis que o prazer da abelha é de sugar o mel da flor, Mas que o prazer da flor é de entregar o mel à abelha. Pois, para a abelha, uma flor é uma fonte de vida. E para a flor uma abelha é mensageira do amor. E para ambas, a abelha e a flor, Dar e receber o prazer É uma necessidade e um êxtase". A abelha e a flor -- Khalil Gibran

Nuvem

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Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora. E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante. Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo... Mário Quintana

Viva e depois esqueça

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A capacidade de esquecer é o que existe de mais precioso sobre a face da terra, sob as nossas faces. Amar é sem dúvida mais magnânimo, mas não é tão vital quanto o esquecimento: é ele que nos mantém vivos. O amor torna a paisagem mais bonita, mas é o bálsamo curativo do esquecimento que nos faz ter vontade de abrir os olhos para vê-la. A paixão empresta um sentido quase mítico aos dias, mas é esquecer da excruciante tristeza perante a morte dela que nos torna aptos para nos encantarmos novamente. Já esqueci amores inesquecíveis e sobrevivi a paixões que, tinha convicção, me matariam se terminasse. Às vezes cruzo na rua com fantasmas que já foram bem vivos na minha história e não deixo de sentir uma certa melancolia por perceber que aquele rosto um dia cheio de significado se tornou tão relevante quanto um outdoor de pasta de dente, por não conseguir sequer recordar o que me moveu em direção a ela: algumas pessoas simplesmente são apagadas da memória como filmes desimportantes. Sem ma