Posts

Showing posts from May, 2011
Image
"[... ] O que te direi? te direi os instantes. Exorbito-me e só então é que existo e de   um modo febril.  Que febre:  conseguirei um dia parar de viver? ai de mim que   tanto morro. Sigo o tortuoso caminho das raízes rebentando a terra,  tenho por dom a  paixão, na queimada de tronco seco contorço-me às labaredas.  À duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser   concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo   que lateja no tique-taque dos relógios.  Para me interpretar e formular-me preciso de novos sinais e articulações novas   em formas que se localizem aquém e além de minha história humana.   Transfiguro a realidade e então outra realidade sonhadora e sonâmbula, me cria.  E eu inteira rolo e à medida que rolo no chão vou me acrescentando em folhas,   eu, obra anônima de uma realidade anônima só justificável enquanto dura a   minha vida. E depois? depois tudo o que vivi será de um pobre supérfluo. [...]